No artigo anterior, mostrei 5 problemas que são indicativos de equipamento ruim ou mal operados nos arquivos de áudio de locução. Dando continuidade à série, neste artigo trago mais 5 problemas que devem ser observados e evitados, desta vez por edição inadequada.
Neste artigo:
Assim como normalmente acontece fotos e vídeos, um áudio não está "pronto" assim que é gravado: ele ainda passa por um processo de edição, que irá remover sons indesejados, frases repetidas e lacunas. Hoje, irei mostrar alguns problemas que você, que não entende de áudio e que está contratando o serviço de locução, deverá observar - e evitar - nos seus projetos.
Atenção: os problemas nos áudios abaixo são melhor percebidos com uso de fones de ouvido estéreo.
Às vezes, quando um texto é lido na locução, é normal que um determinado trecho seja repetido duas ou três vezes para garantir que palavras com pronúncia difícil ou que exijam alguma emoção sejam bem oralizadas. Então, com estas duas ou três frases iguais em sequência, a pessoa responsável pela edição do áudio poderá escolher qual "versão" ficou melhor e eliminar as demais, mantendo o texto correto.
Também acontece (com muito mais frequência, inclusive) que o locutor deixe um tempo maior que o devido entre frases ou palavras, criando uma "lacuna de tempo" que deverá ser removida na edição. Às vezes, esse tempo não é tão grande, apenas o tempo de "respiração" do locutor. Mas por questões de limitação de tempo do áudio, o editor pode resolver cortá-lo (ao invés de tratá-lo adequadamente).
Acontece que editar todos estes pontos pode ser um trabalho demorado e cansativo, principalmente quando os áudios forem longos. Então, na ânsia de ter o trabalho "terminado logo" (ou tentar fazer o áudio caber dentro de um tempo específico), o editor remove espaços em demasia deixando as frases "muito coladas" e soando artificialmente. Veja um exemplo:
Observe como não há espaço de "respiração" entre as frases, e algumas palavras são cortadas indevidamente.
Em muitas áreas (como o rádio ou a tv, por exemplo), os áudios precisam começar e terminar dentro de um tempo pré-definido. Estes tempos podem ser 15" (quinze segundos), 30" (trinta segundos) e similares. Existe ainda a dublagem, onde é preciso fazer com que uma fala seja feita em um momento preciso de um vídeo. Eis então que por vezes surge a difícil tarefa de fazer um determinado texto "caber" dentro de um determinado tempo. Se você mora no Brasil e já assistiu à tv aberta brasileira em algum momento, já deve ter ouvido a seguinte frase, que ilustra bem o que estou tentando demonstrar aqui:
Sem entrar no mérito de avaliar se é possível ou não pronunciar um texto tão rápido de forma natural (este tipo de efeito é produzido com o computador, na edição), não é exagero dizer que o resultado estético disto é bem ruim. No caso acima, sabemos que é uma obrigação legal manter esse tipo de aviso em comerciais de medicamentos, então não é de se admirar que fazem com que ocupe o menor tempo possível, dado o valor exorbitante de cada segundo na TV.
Mas o problema está em áudios onde existe a possibilidade de refazer o texto para que haja uma maior fluidez e naturalidade dentro do tempo devido e ele não o é por questões de preguiça, pressa ou mesmo indiferença com a qualidade final do trabalho. Veja um exemplo (meramente ilustrativo) onde o texto poderia ter sido adaptado, mas não foi:
Observe como nos segundos finais do áudio acima ele é acelerado abruptamente.
De forma resumida, compressão (cujo agente é o "compressor") é o nome dado a um processo de manipulação de áudio onde sons muito baixos são aumentados e sons muito altos são diminuídos, a fim de deixá-los dentro de uma mesma média. O resultado prático disso é um som mais encorpado e audível.
Acontece que compressão em excesso é o recurso preferido de alguns locutores para fazer a voz parecer muito mais pesada do que realmente é (o famoso "vozerão"). Logo, o som fica muito pesado e artificial. Veja um exemplo:
Sem compressão (natural):
Com muita compressão:
Compare ambos os áudios. Veja como no segundo as pequenas nuances de interpretação se perdem, deixando todo o áudio em uma mesma média. também há muito mais sibilância (com do "sssss"), causada pelo aumento de volume destas frequências.
Compressão não é um vilão, muito pelo contrário. O problema está no excesso!
Os softwares de edição de áudio da atualidade (os chamados DAW) estão repletos de recursos de edição de todos os tipos, como removedores de ruídos, removedores de eco e até mesmo eliminadores de sons de salivação. O fato é que estas manipulações deixam vestígios no som, e um deles é uma variação tonal como no exemplo abaixo:
Preste a atenção nas palavras "é com certeza" e "existem". Observe que há uma diferença tonal significativa, que acontece porque nestes dois trechos foram adicionados removedores de eco e ruído, respectivamente. Isso fez com que o som ficasse mais morno, mais fechado.
Às vezes, é preciso substituir uma palavra ou frase após o áudio já ter sido gravado. Isto pode ser muito difícil se as condições de voz e espaço originais não forem devidamente repetidas, o que deixa uma emenda perceptível no som. Veja um exemplo de uma frase que foi adicinada dias após a locução original:
[exemplo em breve]
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